quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ah, tolinha!



Quando eu tinha mais ou menos oito, nove anos, morava em um lugar com muitos eucalíptos e com um clima que proporcionava o bailar dessas árvores. Sempre que chovia, ventava exageradamente e pra mim era quase uma dança fúnebre. Tinha pavor. Imaginava que a qualquer momento aqueles galhos elásticos iriam entrar teto a dentro!
Tenho algumas manias que chegam a ser paúras. Algumas pessoas sabem de algumas, outras sabem de poucas ou nenhuma. Uma dessas excentricidades, é que quase sempre penso em tragédias, daquelas (im)possíveis de acontecer, com probalilidades que até a Nasa gostaria de discutir a respeito!
Se estou dirigindo vem à minha mente que o cara não arrumou o pneu direito, ou a barra de direção vai partir e eu vou junto. Ou antes de dormir penso num incêndio. Já imagino me jogando do sétimo andar com notebook e cachorro a tiracolo. Corro e em dias de chuva penso que um raio pode me atingir e visualizo um velório, caxão lacrado e comadres pra cuidar do ex-marido. Tem também as tops de linha. Do caminhão da frente soltar alguma coisa e atingir minha garganta, ou o piso do elevador despencar com ele. Esse eu até ja ensaiei onde vou colocar os pés caso aconteça. A mais recente é com comida. Sabe a história da menina que morreu e primeiro foi amputado mãos e pés?Pois é, tudo que como eu penso, será que vai acontecer comigo? Tem microorganismos e bactérias que vão comer meu aparelho digestivo?
Realmente não sei de onde vem tanta mirabolice, mas depois de fazer do meu ócio uma fonte de pensamento, vi que talvéz seja por ter medos absurdos que continuo saindo da cama. Dirijo, corro, entro em elevadores, arrisco cozinhar e viver. Invento receitas pra minha vida com pitadas de ousadia e ingredientes de risada da minha própria tolice.